Fado

No meu último dia de umas férias demasiado curtas, resolvo-me a aproveitar o dia em condições e a vaguear por Lisboa. Ainda no espírito da recente viagem, uma visita ao Museu do Fado seguida de deambulações por Alfama pareceu-me uma ideia agradável.

À porta do Museu um senhor diz-me: "Bom dia. Diga?". Estou à porta do Museu. Repito, à porta. Respondo um redundante "venho visitar o Museu" e, com um sorriso aberto o senhor responde..."Ah, pois! Está fechado. Para obras". Perante a minha cara de espanto o senhor concluí: "já está em obras há muito tempo. Não sabia?".

Não, eu não sabia. Obviamente, eu não sabia. Se eu não tivesse andado à procura de informações sobre o museu, horários e afins, eu até aceitava a pergunta. Mas andei.

"Deve abrir lá para 6 ou 7 ou 8 de Outubro. Talvez, sim, por aí. Mas a loja do Museu está aberta."

O idiota persistiu, de sorriso em riste. E eu rumei a Alfama com mais uma prova irrefutável do bem que as coisas funcionam por aqui. Deve ser o nosso Fado.

O regresso


Aterrei. Deixei as nuvens e desci à terra depois de cinco dias a sonhar.

Até já

Finalmente, mais uma viagem na minha vida. Seja qual for o destino, levo comigo as palavras de Ted Simon.

“In spite of wars and tourism and pictures by satellite, the world is just the same size it ever was. It is awesome to think how much of it I will never see. It is no trick to go round the world these days, you can pay a lot of money and fly round it non-stop in less than forty-eight hours, but to know it, to smell it and feel it between your toes you have to crawl. There is no other way. Not flying, not floating. You have to stay on the ground and swallow the bugs as you go. Then the world is immense. The best you can do is trace your long, infinitesimally thin line through the dust and extrapolate.”

Até já.