Fui Ver o Mar & Pôr os Sonhos a Arejar


Love letter from the Tooth Brush to the Bicycle Tire


Fala-me das tuas noites, dos teus recantos, da posição perfeita enquanto adormeces, a dois centímetros do abismo do sonho. Conta-me as montanhas percorridas, os medos domados, as batalhas temíveis. Diz-me como sentes os primeiros raios de luz quando despertas, quando abres os olhos e os fechas novamente à procura dos últimos resquícios da noite que se vai a escapar. Mostra-me o desalinho dos lençóis quando te levantas, os passos arrastados em direcção à janela. Pede-me que te estenda a toalha de banho e passa-me a manteiga para a torrada. Acorda o diálogo devagar. E despede-te sob a ombreira do céu carregado de chuva enquanto corremos em direcções opostas para apanhar o autocarro e o metro. Mede o tempo, gere a pressão do trabalho e manda-me uma mensagem inusitada a meio do dia. Como "lembrei-me agora mesmo da curva do teu ombro" ou "está um lindo dia. isso e o teu sorriso". Garante que me rio ao ler as mensagens e que te chamo "parvo" baixinho mas que nada me ilumina mais do que isso. Conta os minutos que faltam e amaldiçoa a lentidão do computador a desligar-se e as filas de gente na estação. Mete a chave na porta, já a deixar o mundo para trás. Conta-me o teu dia porque, em breve, vou pedir-te: fala-me das tuas noites.

E por fim confirmei o que já há algum tempo desconfiava.


(...and I love it back!)

If only...

Saber dizer 'não'.

Nota de Rodapé

"Enquanto o espelho me reflectia os olhos(10), ouviam-se ao longe as escalas incertas de um saxofonista da banda, ensaio solitário, buzina dentro do nevoeiro.


(10)
Ao fixar o reflexo dos meus olhos no espelho, já me pareceu muitas vezes que está outra pessoa dentro deles. Observa-me, julga-me, mas não tem voz para se exprimir. Será talvez eu com outra idade, criança ou velho: inocente, magoado por me ver a destruir todos os meus sonhos; ou amargo, a culpar-me pela construção lenta dos seus ressentimentos. Seria melhor se tivesse palavras para dizer-me, mas não. Só aquele olhar lhe pertence. É lá que está prisioneiro."

J. Luís Peixoto, Livro

A porta fechou-se contigo
Levaste na noite o meu chão
E agora neste quarto vazio
Não sei que outras sombras virão
E alguém ao longe me diz

Há um perfume que ficou na escada
E na TV o teu canal está aberto
Desenhos de corpos na cama fechada
São um mapa de um passado deserto
Eu sei que houve um tempo em que tu e eu
Fomos dois pássaros loucos
Voamos pelas ruas que fizemos céu
Somos a pele um do outro

Não desistas de mim
Não te percas agora
Não desistas de mim
A noite ainda demora

Ainda sei de cor o teu ventre
E o vestido rasgado de encanto
A luz da manhã e o teu corpo por dentro
E a pele na pele de quem se quer tanto

(...)

Não desistas de mim
Não te percas agora
Não desistas de mim
A noite ainda demora

Não Desistas de Mim, Pedro Abrunhosa
(Volta e meia escreve destas, que arrancam o coração do peito. Quanto à voz, estamos conversados.
)



A simple poem to say "Screw You"

Your little white lies all day long
Got my head spinning in a never ending song

Despite the wind that churns
Through your stupid a-b-c’s
My mouth kept holding back
All the words that sting like bees

Had I known I’d end up like this
Without a single thought of mine
I’d already gathered the courage to say
‘Stick it where the sun don’t shine’

But your blah blah blah
And the way you always sigh
Keep my feet on the ground
with the confidence that
You are just not worth the try