Pudesses ver os meus olhos de serras que em desalinho a estrada conduz,
vasilhas de barro na anca, curva anciã da distante ousadia.
Tem tento na língua que embala e seduz,
luzernas ao longe no eco das fontes e a sombra vadia.

Vejo o sol que se põe nas entranhas da terra,
sigo-lhe a luz cega, despojos vivos da guerra.
Até ao extremo oposto da suposta simetria,
quebro-lhe os medos no cantar da cotovia.

Encosto a porta que dá para a rua de ervas e palhas, infinitos e vinhas.
Este noite durmo sobre as telhas, coberta na noite, sem olhares das vizinhas.

2 comments:

I disse...

"Encosto a porta que dá para a rua de ervas e palhas, infinitos e vinhas.
Esta noite durmo sobre as telhas, coberta na noite, sem olhares das vizinhas."

Adoro... como os olhares podem cansar os seus objetos... e como a noite os protege.

Lina disse...

Mesmo.
Fujamos para os telhados.
Eles sempre nos acolhem.