Entra-me o sol pela janela, aqui mesmo ao lado.
Um sol morno que aquece a ombreira e o ferro forjado dos corações que se atrevem na varanda.
Está nítido o longe e o distante.
O rio, como sempre, alinhava-me os desvarios e divagações com pontos brancos de luz.
Descoordenados.
Rascunho da costura do futuro.
Penso nas palavras ditas e por dizer e no prolongamento dos minutos quando já não se calam mais as palavras ou as sombras cá dentro.
Penso no meu sangue a correr, entrelaçado com as vidas que lhe dão vida.
Com as vidas que lhe dão cor: o vermelho, quente, pulsante.
De quem nos ama, de quem nos faz falta, de quem nos sente afalta.
Tentam esticar-se os minutos, os quilómetros e os pontos de encontro.
Analisam-se, de vários pontos, os motivos. Justificam-se e compreendem-se as ausências.
E aperta-se, ainda assim, o coração quando ele chega à beira de um abismo meramente imaginado.
E confirma-se a importância de quem nos quer bem.
De quem nunca nos deixa cair.

2 comments:

CarMG disse...

"...abismo meramente imaginado", literário apenas, como convém.

As vidas que dão cor ao sangue são necessárias, todas. E muitas, mas não demais.

E quem te quer bem, apenas vai fazer com que o vermelho seja brilhante e intenso. Não vale um vermelho carregado...

Lina disse...

E continua o vermelho brilhante e intenso de quem me quer bem sempre do meu lado.
E ainda bem.