Janelas


Há janelas fechadas à minha frente. E morrem no fim do dia, perante os meus olhos e através da lente de uma máquina. Janelas que ardem num lugar vazio, num lugar onde quase consigo ainda ouvir os passos apressados de quem ainda vai embalado no sono. Onde milhares de pessoas gelavam pela manhã junto ao rio, à espera de um barco, à espera de um comboio, à espera de um autocarro. Ardem estas janelas e já tão depressa se extinguem as suas chamas. São cinzas tudo o que resta. Destas janelas e deste lugar.

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