Saltos

Saltava. Não chegava muito alto. E logo regressava ao chão com a inevitável gravidade a puxá-lo de volta à verdade.
Depois inspirava, de olhos fechados. Abria ligeiramente os braços e saltava novamente.
Regressava ao chão com um ligeiro sorriso e o cabelo em desalinho.

- O que é que estás a tentar fazer?
- Voar.
- Voar...?
- Sim, voar.
- Lamento desiludir-te mas realmente faltam-te as asas.

Novo salto.

- Nunca saberás se não tentares. Quem sabe se elas não crescem quando menos se espera?

Pensei durante dois segundos. E saltei como nunca tinha saltado antes.

2 comments:

CarMG disse...

E se não saltarmos realmente, nunca saberemos se temos asas ou não...

A partir de quando é que deixamos de o testar?... A partir de quando é que voltamos a tentar? Deveremos ser julgados por o fazer? Ou antes pelo contrário? O julgamento ocorre quando não o fazemos? E por parte de quem?

Há algum que tenha à mão o livro dos "Porquês"?... mas com as respostas SFF :)

Lina disse...

Acho que, consciente ou inconscientemente, nunca deixamos de saltar.

Às vezes as asas ganham-se, outras são-nos oferecidas, outras crescem não se sabe muito bem alimentadas pelo quê. Talvez pela sede de sonhar.

Julgar alguém por querer voar...é coisa de mentalidade tacanha. Coisa de quem nunca voou, nem sequer muito baixinho.

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p.s. - já procuraste na Fnac?