Desce a mesma calçada, com a mesma chuva, a mesma música nos ouvidos.
E cai-lhe, de súbito, a certeza e a lembrança daqueles passos.
Iguais até há bem pouco tempo atrás.
Não percebe como os arrastou tanto tempo.
De certo amarrados no lenço, ao pescoço.

Mas esse lenço esvoaça agora, de quando em vez.
Junto ao mar, montado no conforto e na cumplicidade.
Esvoaça enquanto alguém lhe toca no joelho.
Esvoaça enquanto canta alto porque ninguém ouve.
Esvoaça enquanto alguém lhe aponta um arco-íris ou as nuvens da cor do fim do mundo.

E voa, livre, quando percebe que aquela calçada, aquela chuva e toda a música do mundo nunca mais serão iguais.

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