Story #3 - Part I

Sinto as tuas mãos. As tuas mãos em mim, a cravarem-me a pele dos braços. Ponho os olhos no céu, na luz de um céu azul cheio de esperanças, e sorrio. Nos teus olhos há desesperos, agonia, desencanto. Mas em mim há um mundo de possibilidades.
Não é fácil perder alguém e reunir as forças para continuar pela vida fora. Perdendo pessoas de tempos a tempos, com a certeza apenas que não voltam. Abrem-se as comportas da alma e os sonhos deslizam por nós a fora, torrente imaginada de beijos e sorrisos. De palavras por dizer e silêncios por escutar. Daí em diante, são escuros os dias até que um dia (não necessariamente um dia especial) vemos com espanto que o sol continua a brilhar. Mais nuvem, menos nuvem, dentro ou fora de nós, está onde sempre esteve.

Mas agora, agora sinto unhas de ferro nos meus braços e penso que nada do que possa dizer neste segundo te fará olhar para o mesmo céu que o meu. O céu que vejo agora enquanto me molhas a blusa de lágrimas, lágrimas de sal que se estendem em novos rios. Mas que vão secar. Eu sei que sim.

E digo-te apenas: “Eu sei”.

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