O teu aniversário



Chegou e sentou-se no mesmo banco que eu. Trazia um meio sorriso no rosto e uma máquina fotográfica na mão. Depois, metódica e calmamente, pousou-a, descalçou as botas, levantou-se, deu dois passos em frente e deu um salto de gigante.
Levantei, definitivamente, os olhos do jornal. Fiquei a ver aquela rapariga a afastar-se, em direcção ao mar. A dada altura correu e saltou sob o sol, como uma criança, depois molhou os pés e sentou-se à beira-mar a sorrir muito. Eu aqui fiquei, sentado, de jornal na mão, de queixo caído, roído de inveja. Ao meu lado deixou, altivas, as botas...e enterrou os pés na areia.

Foi a melhor prenda de anos que eu poderia ter recebido.

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