Trazia a saia demasiado curta. E o sorriso demasiado aberto.
É que eu quase podia jurar que ela vinha feliz, percebes?
E dava um dedo mindinho para saber com quem ela vinha a falar ao telemóvel.
Aposto que era com um palhaço qualquer.

Dizias-me isto com um ar sério, com o ar mais sério. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. Mas não era.

Eu limitava-me a abanar a cabeça, a manter o olhar mais complacente possível e a emitir uns “hum hum” e uns “pois” de cada vez que paravas para inspirar fundo ou para beberes um gole da imperial já completamente morta. E lançavas mais um ataque feroz.

Jamais poderia dizer-te que o melhor que aquela mulher alguma vez podia ter feito foi afastar-se de ti e do sufoco que lhe imponhas. Deixava-te embarcar na ilusão das tuas próprias palavras quando dizias “quem perde é ela”. Nunca hei-de perceber como é que consegues ser comigo o melhor dos amigos e com as (várias) mulheres que já passaram pela tua vida, o pior dos namorados.

E, sinceramente, nunca hei-de perceber porque teimas em ligar-me de cada vez que alguém te dá com os pés. Tens auto-estima de sobra (até a mais, diria) e eu, honestamente, tenho mesmo coisas mais importantes para fazer do que ver a cerveja morrer no teu copo enquanto finges que alguém te partiu o coração.

3 comments:

D. Maria Cachucha disse...

:) estou com dificuldades em perceber quem é, afinal, o palhaço na estória :P
Boa sorte para essa grande qualidade que tens que é ser tolerante :)

Jinhus gandes **

Sue
@sueinblue.blogs.sapo.pt

CarMG disse...

E eu que pensava que a grande qualidade era saber escrever Bem :) he he he Afinal há mais :)

Lina disse...

Assim sendo, suponho que seja tudo uma questão de...pontos de vista.

:)
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