Directed by Trevor Sands
on 25 fevereiro 2010
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Amordaçamos as vontades. Acorrentamos os desejos. Cortamos as asas aos sonhos que temos.
E um dia acordamos e pedimos desculpa a nós mesmos.
Uma desculpa tímida, compartimentada entre dois ou três pensamentos indefinidos ou triviais.
Mas pedimos desculpa. De forma sentida.
E com isso, ganhamos asas novamente.
on 18 fevereiro 2010
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Dormentes. Adormecidos pelo frio que corta a pele, que dilacera a corrente do raciocínio.
Todos os desejos aglomerados, uns de encontro aos outros. Tentando em vão aquecer-se, tentando em vão incendiar-se. Criando faíscas que não chegam a dar origem a um incêndio.
O falso alarme de um único raio de sol. E o quente apertado no pescoço, barreira palpável da nossa perseverança.
Escudem-se, então, os desejos. Que eles se enlacem frente ao frio. E que o frio lhes passe ao largo.
Todos os desejos aglomerados, uns de encontro aos outros. Tentando em vão aquecer-se, tentando em vão incendiar-se. Criando faíscas que não chegam a dar origem a um incêndio.
O falso alarme de um único raio de sol. E o quente apertado no pescoço, barreira palpável da nossa perseverança.
Escudem-se, então, os desejos. Que eles se enlacem frente ao frio. E que o frio lhes passe ao largo.
on 10 fevereiro 2010
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"Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura."
...E a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer.
E não do tamanho da minha altura."
...E a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer.
in Livro do Desassossego
on 04 fevereiro 2010
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E a meio do dia isto...
O silêncio que sai do som da chuva espalha-se, num crescendo de monotonia cinzenta, pela rua estreita que fito. Estou dormindo desperto, de pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. Procuro em mim que sensações são as que tenho perante este cair esfiado de água sombriamente luminosa que [se] destaca das fachadas sujas e, ainda mais, das janelas abertas. E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
in "Livro do Desassossego"
... e digam-se se não faz, hoje, todo o sentido.
on 03 fevereiro 2010
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... há Edifícios a ruir. Mesmo ao meu lado. Edifícios inteiros que caem, que desabam desamparados. Engolidos por um chão ávido de algo que lhe alimente as entranhas.
Edifícios que o tempo roeu silenciosamente, que o tempo desgastou, que o tempo cobriu de uma camada dura e que se pensava ser impenetrável, mas que era apenas frágil na sua suposta presunção do Constante...
on 01 fevereiro 2010
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Fecha os olhos.
Fecha-os.
Já te disse que só resulta se fechares os olhos.
Porque precisas de imaginar-te longe, sem correntes, sem amarras.
Consegues ver? Consegues sentir?
E o arrepio na pele? Também?
Corta o frio dos céus, em voo rasante. Sobre as casas, os mares, as pessoas.
E vê os sonhos que nascem. De partos difíceis.
Já podes abrir os olhos. Estás de volta.
Mas maior. Melhor.
Mas maior. Melhor.