O silêncio que sai do som da chuva espalha-se, num crescendo de monotonia cinzenta, pela rua estreita que fito. Estou dormindo desperto, de pé contra a vidraça, a que me encosto como a tudo. Procuro em mim que sensações são as que tenho perante este cair esfiado de água sombriamente luminosa que [se] destaca das fachadas sujas e, ainda mais, das janelas abertas. E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou.
in "Livro do Desassossego"
... e digam-se se não faz, hoje, todo o sentido.
3 comments:
nuns dias mais que noutros...
bj
"hoje" já não é hoje, mas faz todo o sentido na mesma, todo... tal como tem feito nos últimos tempos... maldito Inverno... mandito tempo... maldito sentimento...
Eu diria que são
os dias
a chuva
o desassossego
que se nos cola à pele
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