Encurralado na indecisão do presente, tão palpável que conseguia tocá-la, sentou-se a analisar as hipóteses, as possibilidades. The worst case scenario.

De forma fria, calculista, procurou perceber os porquês, pôr os pontos nos i’s, ler nas entrelinhas. Mas à razão sobrepunha-se, de forma impune, a emoção que tão depressa lhe acelerava o pulso, a respiração, os certos e os errados.

Queria gritar, queria explodir, queria retorquir na mesma moeda. Ser igual aos sacanas de merda que se lhe apresentavam à frente, todos os dias, que se passeavam impunes, bem à frente do seu nariz. Mandar passear os conceitos, as teorias elaboradas, os pressupostos, as desculpas esfarrapadas e as falsas modéstias. Dizer-lhes na cara que as frases feitas e os clichés já enjoam e que não faz bem a ninguém viver escondido das palavras e dos confrontos.

Divagou nisto até que reparou que lá fora era noite, que todas as luzes do escritório estavam acesas e que, uma vez mais, ele era o único ali.

5 comments:

I disse...

As luzes acesas... uma revelação?

(o teu blogue serviu de rádio uma vez mais hoje lol)

Lina disse...

Uma revelação ou um ponto final.

...

:)
E foi uma boa banda sonora para o dia? Por caso as que por aqui andam agora são bastante "down"...

I disse...

Óptima! Mesmo que algo triste! ;-)

CarMG disse...

Admito que também o uso como banda sonora das navegações na net :P

Encurralado em si por ser único lá ou em si mesmo?
É mais fácil ser encurralado pelas luzes múltiplas do que por um curral de pensamentos e atitudes enclausuradas! (wow, dark... yuck lol)

Lina disse...

Dark, indeed. But true.