A Resposta

De todas as vezes que tentei escrever, desisti a meio.

De todas as vezes que tentei escrever-me, escrever-te.

Não sei porque fujo assim que vejo uma porta aberta, porque apago as luzes à passagem, porque não te digo “até logo”. Se calhar até sei, mas recuso-me a admitir o medo, os receios, as inseguranças, porque é muito mais fácil fugir e refugiar-me na sacanice da saída mais próxima, od caminho mais rápido, dos atalhos. Se calhar é porque não gosto de becos sem saída. Ou porque quando me encosto à parede vês a totalidade de quem sou.

Não preciso de carimbos que legitimem isto: sou um fraco. Mas um fraco com fôlego suficiente para correr a distância que for necessária até me encontrar na segurança e na recompensa da altivez, estúpida, de quem se acha dono da verdade. Não são precisas 25 linhas numa folha azul para resumir em apenas uma frase: sou demasiado complicado. Ou simples. Ou frágil, a fingir-me de forte.

Dá-lhe o nome que quiseres, mas não deixes nunca de querer ler-me. De encurralar-me. De prender-me quando vou a fugir. Porque fugir (e não voltar) não é ganhar asas. Ganhar asas é ficar, poder voar (quando quiser) e regressar depois de cada voo. A ti.

Subscrevo-me, de coração aberto,

….

2 comments:

I disse...

Even though I'm missing something... gosto da poesia destas cartas... :-)

Lina disse...

Cartas pensadas, imaginadas, sonhadas. Reais e Fictícias.

Palavras que vão, vêm.
Que não chegam a partir.
Que não chegam ao destino.

O remetente esqueceu-se de assinar.
O destinatário é desconhecido na morada.

Ainda assim, há poesia.
:)