Apesar de todos os olhares incrédulos à minha passagem, das vinte vezes em que me perguntam no mesmo dia se não trouxe chapéu (óbvio que não, senão não estaria neste estado...portanto, porquê a pergunta?), de ficar com a roupa colada ao corpo durante metade do dia e do estado lastimável em que por vezes chego aos meus destinos...

...a verdade é que gosto de andar à chuva.

Gosto da sensação de liberdade, das gotas frias no rosto,
de sentir de forma mais nítida e distinta a força do mundo em mim.
Gosto das gotas que escorrem para onde não deviam
e de não me sentir mais uma no rebanho que caminha,
cabisbaixo,
com ar mais soturno e cinzento do que o céu.
E gosto desse céu, a desabar, da promessa de fúria.
E eu, cá em baixo, a senti-lo em cada gota.

4 comments:

I disse...

Bonitíssima descrição do que é andar à chuva, debaixo de chuva e por que não com a própria chuva. Estou mesmo a imaginar, os outros escondidos, dissimulados, forçosamente cabisbaixos por baixo do guarda-chuva (cá para cima é assim!!) e tu de cabeça erguida, solta e livre... afinal a chuva assenta a poeira, purifica e renova!

Lina disse...

:)
É mesmo isso, I., andar à chuva, debaixo da chuva e, sobretudo, com a chuva...

Purifica, renova e, no final, leva consigo pensamentos indesejados e lágrimas inusitadas.

And it feels so damn good.
:)

CarMG disse...

"E gosto desse céu, a desabar" - adorei :)

Seres tu própria a chuva!!!! Mas... será que podes sê-lo quando eu não estiver contigo?! É que não sou assim tão piquena que me consiga esconder debaixo de um pseudo toldo quando o céu realmente desaba!

:)

Lina disse...

A chuva em mim e Eu, a Chuva.
:)

Sim, um pseudo toldo não foi suficiente... mas garanto-te que não foi a 1ª nem a última vez! :D