Tinha sido apenas um passo em falso.
Um movimento mal calculado.
Um pé que tinha resvalado, deixando em tensão todos os outros músculos para aguentar a pressão.
Mas tinha sido o suficiente para trazer de volta a vertiginosa presença do abismo.

Escalamos montanhas todos os dias.
Mas esquecemo-nos quase sempre do arnês de segurança.
Não ficamos surpreendidos.
Antes ficamos agradecidos quando sabemos que temos alguém a olhar pelo nosso sistema de segurança, a verificar cada nó, a dizer “tu sabes que consegues escalar mais esta montanha”.
Quando esse alguém não nos deixa cair.

6 comments:

CarMG disse...

No fundo, acreditamos sempre que não vamos cair, mesmo quando o abismo resvala ao nosso lado. O sentimento de auto-preservação assim nos faz sentir: poderosos na nossa pequenez; imensos na insignificância.
Não sei a quem temos que agradecer haver quem tome conta dos nós, talvez a nós mesmos, pois é por nós que os nós são vigiados e verificaods, mesmo que subliminarmente.

CarMG disse...

Gosto da foto!

Lina disse...

:)
Provavelmente, sim.
Mas não é tão bom, de repente, ter a certeza que há outra pessoa traçou um backup plan? :)

p.s. - foto tirada na Torre Eiffel

D. Maria Cachucha disse...

:)
Eu, pessoalmente, prefiro estatelar-me a confiar no backup alheio; fico dias prostrada, outros tantos cheia de pensos e ligaduras, faço fisioterapia e, de uma forma ou de outra, regresso à escalada :) pode ser que aprenda a não me esquecer do arnês :P

Jinhus gandes **

Sue @ sueinblue.blogs.sapo.pt

Lina disse...

O mais importante é mesmo isso, voltar à escalada :)
O que não nos mata, torna-nos mais fortes...mais cicatriz, menos cicatriz...

:)
***

CarMG disse...

... e cada cicatriz é uma nova história para contar!