Alguém diz: "nunca mais é quarta-feira".
Mas nunca mais é sexta. E nunca mais é ontem. E amanhã já é tarde. Nunca mais somos iguais. Nunca mais mudamos. Não voltamos ao princípio. Muito menos à forma primordial. Temos o mapa desactualizado. E a rede que ampara a queda tem um ou outro furo.
Mas quando for quarta-feira, damos por nós a ser capazes de fazer tudo outra vez.
A ansiar pela sexta. A repetir as coisas de ontem. A chegar mesmo a tempo. A sermos fiéis a nós mesmos. A mudar sem nos apercebermos. A fazer a volta completa. De volta a onde começámos. A desbravar caminho. E a apontar os novos trilhos descobertos. A ser grandes demais. Fortes demais. Corajosos demais para sequer pensar em escorregar por entre os furos da rede.
2 comments:
porque, à quarta, já passou da terceira de vez e, a partir daí, tudo é possível!
a quarta é no meio, é geodésica, centrada, perfumada, fértil!
na quarta já não se tem a ingenuidade do início, mas vai-se a caminho da sabedoria do fim! Aquela que nos impede, juntamente com a coragem, de escorregar por entre os furos da rede...
Então é mesmo no meio que está a virtude?
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