O fim de tarde quente dá-me para isto: pensamentos leves, frescos, ao sabor da corrente e da torrente do pensamento.

Dá-me para perceber que gosto de Sumol de ananás porque é uma viagem directa às garrafas verdes de onde o bebia na infância.
Dá-me para gostar de novos temperos e sabores, de conversas novas e de conversas renovadas.
Dá-me para deixar para amanhã.
Dá-me para litros de água fresca que não me mata a sede mas que me sabe bem.
Dá-me para andar sem rumo à procura da brisa, de uma corrente de ar, de uma porta aberta que convide a entrar.
E para músicas de Verão, com batidas e refrões mais pipoqueiros que os filmes da estação.
Dá-me para sonhar acordada e achar que sou capaz de tudo mas que amanhã trato disso.
Dá-me para fazer planos em cima do joelho e impulsos no último minuto.
Dá-me para renovar amizades, prolongar amizades, confirmar amizades.
Gosto do fim da tarde quente. Dá-me para pôr o mundo em câmera lenta e limitar-me ao por do sol.


4 comments:

I disse...

Que sonho de fim de tarde!!! Com sumol de ananás ainda por cima! É perfeito :-D Deixa-te ir nos teus impulsos, depois logo se vê!

I disse...

Queria acrescentar que este texto é muito bonito, simples, sem artifícios, honesto!

Lina disse...

I, o meu humilde e sincero obrigado.
:)

Presenciar um fim de tarde deste é um privilégio e apetece sempre partilhá-lo.
No entanto, quando escrevo coisas como estas fico sempre na dúvida se as deva partihar porque pela sua honestidade e simplicidade confirmam a minha vulnerabilidade (mas também o encanto pelas pequenas e significativas trivialidades da vida). Mas, no fundo, é sobretudo isso que nos torna humanos e aquece o sangue nas veias.

I disse...

É honesto, mas nem por isso é íntimo! Fazes bem em partilhar, afinal, é interessante partilhar coisas como um sumol de ananás... também a mim me relembra a infância, quando bebia uns atrás dos outros pela garrafa! (tal como tu!) Fora isso, é bom saber que ainda há quem consiga apreciar coisas tão simples e tão boas, e descrevê-las desta forma. :-)